Durante o segundo bloco do Dairy Vision, um dos principais fóruns do leite mundial que está sendo realizado nos dias 7 e 8 de novembro em Campinas-SP, os palestrantes trouxeram insights em relação ao tema “Estratégia de negócios aplicadas à indústria láctea”.
A primeira palestra do bloco teve como tema “Quais as prioridades dos executivos do setor lácteo hoje?” e contou com a participação de Rami Goldfajn, Sócio Sênior da Mckinsey & Company, Brasil.
Rami apresentou os resultados de uma pesquisa conduzida em parceria entre a McKinsey e o MilkPoint, que explorou as principais perspectivas e prioridades dos executivos no setor de laticínios no Brasil. A pesquisa teve como foco as tendências das indústrias, desafios, mudanças, inovação e sustentabilidade, e a partir destes temas foram encontradas 8 macrotendências das indústrias lácteas no Brasil:
- conjuntura econômica afetando o consumidor;
- consumidor buscando produtos com menos e mais ingredientes;
- concentração no varejo e cash&carry mais relevante,
- alta competitividade e volatilidade no preço do leite no campo;
- mão de obra qualificada (atração, retenção e capacitação);
- falta de competitividade no contexto global;
- maior preocupação com ESG e sustentabilidade; e
- aplicação de tecnologias.
Dentro dessas macrotendências, Rami pontuou sobre o comportamento do consumidor de lácteos: “o mesmo consumidor que está buscando gastar menos está se tornando mais exigente, buscam produtos com menos gordura, menos açúcar, menos ingredientes e entre outros”.
Rami finalizou sua palestra com os principais insights criados a partir dos resultados da pesquisa realizada: “acreditamos que 14 iniciativas ganharão cada vez mais relevância [...] e algumas delas são a implementação de programas robustos para fidelização do produtor, otimização das fórmulas técnicas utilizadas na indústria em função da mudança das necessidades dos consumidores e na variação de preço, otimização da dinâmica do portfólio dos produtos e desenvolvimento de estratégias de ESG para atender demandas crescentes de consumidores e legislação.”
Na segunda palestra do bloco, com o tema “Mercados de ingredientes lácteos e compostos lácteos: como tem desempenhado e qual o futuro destas categorias? “, Luiz Gonzatti, CEO da Alibra Ingredientes, iniciou trazendo um importante ponto de debate: “o que nós podemos fazer ou como podemos fazer para descomoditizar este setor?”.
Luiz mostrou que o Brasil se manteve praticamente em estabilidade na produção de leite na última década e que isso influencia nos resultados das indústrias lácteas, sendo esse um desafio para as indústrias que buscam ar mais matéria-prima. Em contrapartida, o palestrante mostrou como os subprodutos lácteos, que antes eram descarte, hoje são importantes ingredientes para as indústrias, dando como exemplo o soro de leite, e como os compostos lácteos estão em grande crescimento de consumo dentro das famílias.
Dentro desse contexto, Luiz destacou que a busca por alimentos com benefícios para a saúde é uma prioridade compartilhada por todas as gerações, sendo a indústria láctea favorecida por sua capacidade de atender a essa demanda, além disso, direcionar seu foco para outros aspectos igualmente relevantes para as gerações atuais, como sabor e ibilidade. Concluindo sua palestra, Luiz apontou três principais tendências para o futuro da indústria de laticínios relacionadas aos compostos lácteos: a segmentação das vendas por frações da composição do leite, a redução da comoditização do setor (visando maior competitividade) e a adoção de inovações disruptivas.
Abordando a temática de “Inovação digital: como a tecnologia pode aumentar a produtividade na indústria de lácteos”, Gustavo Silveira, Gerente de Desenvolvimento de Negócios de Automatização & Digitalização na Tetra Pak para região Américas, deu continuidade com a terceira palestra do bloco.
Gustavo apontou que a transformação digital traz resultados positivos para o negócio e deve envolver três pilares principais: as tecnologias, os processos e as pessoas. O palestrante mostrou exemplos de empresas, como Danone e Mondelez, onde a transformação digital não só diminuiu os custos de produção, mas permitiu seu crescimento de forma mais rápida.
Gustavo também mostrou quais são as principais soluções digitais na visão da Tetra Pak e quais seus impactos esperados, citando, por exemplo, o uso de dashboards para performance, de relatórios digitais para registros confiáveis e imutáveis e conexão da força de trabalho para informação, treinamento e colaboração como exemplos de investimento baixo, além da automação básica para maior controle e supervisão e uso da inteligência artificial para correlação de dados complexos como exemplos de um maior investimento.
Gustavo finalizou sua palestra reforçando sobre a importância da transformação digital: “a digitalização está aqui para alavancar resultados [...], não é necessariamente caro [...], e não é uma transformação somente de tecnologia, ela tem que incluir pessoas e entender como ela impacta nos processos”.
E na última palestra do bloco, Andréa Moura, Fundadora da AMConsulting, trouxe o tema “Inovando de forma sustentável”.
Andréa apontou que existem 3 tipos de inovação: a sustentável, a de disrupção de baixo custo e a de disrupção de novo mercado. A palestrante explicou que a inovação sustentável permite que você ofereça produtos melhores do que os que já conseguiu oferecer, direcionando-se às pessoas que compram produtos de alta qualidade, enquanto a inovação de baixo custo busca manter os produtos bons, mas com um menor custo de produção e a inovação de disrupção de novo mercado gera um novo mercado, estando presente onde ainda não existem consumidores ou onde os consumidores ainda não têm meios para adquirir um produto específico.
Andréa também mostrou alguns pontos que devem ser levados em consideração no momento de inovar para crescer, como recursos, processos e fórmula de lucro. Por fim, a palestrante reforçou sobre as diferenças nos tipos de inovação: “um produto disruptor possui uma margem de lucro maior e mais rápida, enquanto a inovação sustentável geralmente possui uma margem de lucro mais demorada”, pontuou Andréa.
Por fim, o bloco contou com uma discussão entre todos os palestrantes, abordando o marketing da cadeia láctea, estratégias de comunicação com o consumidor final sobre a sustentabilidade da cadeia e como a sustentabilidade tem influenciado a inovação.
O Dairy Vision continuará acontecendo no dia 8 de novembro, trazendo novos insights de inovação para todo o setor e permitindo diversas conexões entre os participantes.
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