Que o leite é um alimento nutricionalmente rico e importante na dieta dos humanos não é novidade, certo?! Entretanto, um estudo recente caracterizou a contribuição global do leite fluido na nutrição humana e no suprimento de nutrientes.
Esta matéria destaca alguns pontos do artigo publicado por White e Gleason (2023) que consideraram os dados globais disponibilizados pela FAO.
Os autores calcularam a demanda de nutrientes da população mundial de acordo com o requerimento nutricional ajustado considerando a idade e gênero, enquanto o suprimento de nutrientes foi determinado pela produção de nutrientes digestíveis a partir da agropecuária. Deste modo, a demanda da população foi comparada com o suprimento, a fim de estimar a proporção dos requerimentos atendidos exclusivamente pelo leite.
Importante: O suprimento de nutrientes não é sinônimo do consumo de nutrientes, pois ocorrem mudanças associadas ao processamento dos alimentos, combinação com outros produtos (leite e farinha para fazer um bolo) e até mesmo o percentual do alimento que é perdido/desperdiçado. Feitos tais esclarecimentos, vamos aos resultados:
O leite provê “sozinho” cálcio para atender 35 a 40% das exigências da população, 25% da demanda de aminoácidos e mais de 50% das necessidades de riboflavina e vitamina B12. Como já fora explicado, estes dados referem-se aos nutrientes produzidos/disponíveis, mas não necessariamente os nutrientes atualmente consumidos.
Globalmente, são estimadas que 3,5 bilhões de pessoas estão sob risco de deficiência de cálcio (Kumssa et al., 2015) e o consumo sub ótimo desde micromineral está associado a ocorrência de doenças como a osteoporose, hipertensão, arteriosclerose entre outras (Fujita, 2000). Deste modo aumentar o consumo de lácteos está entre as opções para aumentar as ingestões globais de cálcio e ajudar a prevenir a ocorrência destas doenças.
Em relação as vitaminas, a vitamina B2 (Riboflavina) tem sido estudado quanto ao seu papel na prevenção de doenças como o câncer, além de anemia e enxaqueca (Thakur et al., 2017), enquanto a deficiência da vitamina B12 (Cobalamina) está associada a menores níveis de hemoglobina (responsável pelo transporte de oxigênio no sangue) e de plaquetas (relacionada a coagulação sanguínea, controle de sangramentos). Mais da metade da exigência nutricional (mundial) destes compostos pode ser suprida pela quantidade provida pelo leite.
Os autores também avaliaram a densidade nutricional do leite em relação a outros alimentos. Esta métrica considera o quanto um alimento provê de nutrientes em relação a sua densidade energéticas (calorias). O leite está entre os alimentos mais concentrados, ou seja, tem uma alta proporção de diversos aminoácidos, cálcio, vitaminas B12 e B2 em relação ao seu valor calórico. Deste modo, o consumo de leite com vistas ao suprimento destes nutrientes não apresenta o risco de excesso de consumo de energia.
Para finalizar, os pesquisadores concluem que melhorar o o/abastecimento de leite globalmente (uma vez que o consumo de lácteos principalmente na África e Ásia é limitado e a incidência de pessoas intolerantes a lactose é maior nestas populações) é um caminho para aumentar a disponibilidade destes nutrientes para uma população global crescente. Eaí, já bebeu seu copo de leite hoje?
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Referências
Fujita, T. (2000) Calcium paradox: Consequences of calcium deficiency manifested by a wide variety of diseases. J. Bone Miner. Metab. 18:234–236.
Kumssa, D. B. et al. (2015) Dietary calcium and zinc deficiency risks are decreasing but remain prevalent. Sci. Rep. 5:10974.
Thakur, K. et al. (2017) Riboflavin and health: A review of recent human research. Crit. Rev. Food Sci. Nutr. 57:3650–3660.
White, R. R. e Gleason, C. B. (2023) Global contributions of milk to nutrient supplies and greenhouse gas emissions. J. Dairy Sci. 106:3287-3300.