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2º lugar no Concurso Mulheres do Agro, Beatriz Vilela conta a sua experiência positiva com o compost

Nove mulheres foram homenageadas no último mês de outubro na segunda edição do Prêmio Mulheres do Agro, realizado durante o 4º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio, que reuniu quase duas mil participantes, em São Paulo (SP).

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Nove mulheres foram homenageadas no último mês de outubro na segunda edição do Prêmio Mulheres do Agro, realizado durante o 4º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio, que reuniu quase duas mil participantes, em São Paulo (SP). A premiação reconhece a excelência da gestão feminina nas propriedades rurais. As vencedoras se destacaram por ações inovadoras, como uso sustentável de recursos naturais, desenvolvimento social da comunidade e de seus colaboradores, boas práticas agropecuárias, utilização de tecnologias no campo, bem-estar animal, entre outros quesitos.

Na categoria Grande Propriedade, a produtora de leite Beatriz Vilela Pacheco, da Fazenda Barreiro, esta última localizada em Ilicínea (MG), ficou em 2º lugar. Ela foi a única selecionada do Estado de Minas e na produção de leite e – em entrevista exclusiva ao MilkPoint – ela comentou que ficou muito surpresa com o resultado.

Figura 1

Figura 2
Beatriz Vilela Pacheco, da Fazenda Barreiro

“Fiz a inscrição sem pretensão de ser uma das classificadas e ainda ficar em 2º lugar foi uma honra muito grande. Tivemos a oportunidade de fazer uma viagem de férias com uns amigos para o exterior a fim de aproveitarmos a semana do saco cheio em que meus filhos não teriam aula e acabei não podendo participar da entrega da premiação, mas o Concurso Mulheres do Agro é uma oportunidade de mostrar e valorizar nosso trabalho em um meio tão masculino que é o do agronegócio - em especial - a pecuária de leite. Apesar de ter crescido muito a participação das mulheres nos últimos anos, ainda somos pouco reconhecidas”.

Ela acha importante mostrar que as mulheres atuam diretamente no setor, seja na parte financeira, seja no dia a dia da fazenda e que elas estão ligadas à tecnologia e ações inovadoras em busca não só do ganho econômico, mas do desenvolvimento social dos colaboradores, das boas práticas agropecuárias, do bem-estar animal e no uso sustentável dos recursos naturais.

“O concurso também é importante para encorajar outras mulheres a divulgarem seus trabalhos e assim mostrar que também fazemos parte desse setor tão importante e que gera tanta riqueza para o nosso país e para a nossa região”.

História da Fazenda Barreiro

Beatriz pertence à terceira geração de agricultores e produtores de leite da Fazenda Barreiro. Foi criada na fazenda e aos 16 anos saiu para estudar em Belo Horizonte, onde se formou em jornalismo, sem pretensões de trabalhar na fazenda, apesar do incentivo do seu pai.

Figura 3
Fazenda Barreiro

“Por uma fatalidade do destino, perdi meu pai em 2003, aos 60 anos, vítima de um câncer no intestino e acabei assumindo a istração da fazenda com o apoio do meu marido e junto com meu irmão que tinha se formado em agronomia. Ele com 25 anos e eu com 30. Na época a fazenda estava cheia de problemas, dívidas e com uma produtividade baixa”, contou ela.

Seu pai estava utilizando na época touros da raça Gir e as vacas eram primordialmente mestiças, com uma produtividade baixa por animal. O volume de leite era 1.200 litros com 100 vacas em lactação. A partir daí, eles fizeram vários levantamentos, buscaram consultoria especializada, investiram em um financiamento no banco e decidiram investir no leite e aumentar a produção do rebanho.

Figura 4

“amos a usar somente touros da raça Holandesa para apurar o gado e adotamos o sistema de pastejo rotacionado. Depois, já com o gado melhorado e com uma melhor produtividade, investimos no sistema de piquetes com uma meta de atingir em 2008, 6.000 litros de leite por dia com 280 vacas em lactação. Conseguimos alcançá-la até antes desse prazo, mas dentro de pouco tempo fomos acumulando problemas relacionados ao conforto animal e à estrutura física existente, e os índices começaram a cair. Notamos que teríamos que adotar outro sistema para termos sustentabilidade, continuar crescendo e por isso, começamos a pesquisar o sistema de compost barn”.

Figura 5

Em 2012 começaram a fazer o projeto para o compost e buscaram a ajuda de financiamento, pois precisaram mudar toda a estrutura de lugar, inclusive a ordenha, que estava obsoleta. Por quase dois anos, pesquisaram sobre o sistema, visitaram outros projetos e aguardaram a liberação do dinheiro pelo banco, fato que ocorreu no início de 2016, quando inauguraram a nova ordenha, vale destacar que o primeiro barracão foi concluído em agosto de 2016. Hoje a produção é de 11 mil litros/dia com cerca de 350 animais em lactação e a equipe registrou melhoria em praticamente todos os índices de controle de qualidade, sanitário, zootécnico, reprodutivo, dentre outros. Além disso, foram obtidos benefícios em relação à qualidade de vida, trabalho dos funcionários e aproveitamento dos dejetos.  

Figura 6

“Mesmo fazendo uso de várias tecnologias que podem gerar ganhos, ainda temos muitas variáveis que estão fora do nosso controle e que afetam diretamente no nosso bolso, como as condições climáticas, os planos do governo, entre outros. Agora que tivemos melhorias em vários índices, estamos trabalhando para aprimorar a gestão da equipe afinando cada vez mais os processos a fim de evitarmos erros e desperdícios e atuar nas prevenções. Estamos investindo no aprimoramento genético e na seleção dos animais para obtermos ganhos na produtividade e na saúde das vacas, também, avaliando geneticamente os animais jovens que têm maior potencial para serem futuras doadoras. No nosso projeto, ainda teremos a construção de mais um galpão para alojar outras 150 vacas e chegar próximo de 16 mil litros/dia, mas minha área de produção de grãos é limitada e no momento não nos permite crescer mais do que isso, por isso nosso foco principal é o aprimoramento do sistema já existente”, finalizou.

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Material escrito por:

Raquel Maria Cury Rodrigues

Raquel Maria Cury Rodrigues

Zootecnista pela FMVZ/UNESP de Botucatu.

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2º lugar no Concurso Mulheres do Agro, Beatriz Vilela conta a sua experiência positiva com o compost

Nove mulheres foram homenageadas no último mês de outubro na segunda edição do Prêmio Mulheres do Agro, realizado durante o 4º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio, que reuniu quase duas mil participantes, em São Paulo (SP).

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Nove mulheres foram homenageadas no último mês de outubro na segunda edição do Prêmio Mulheres do Agro, realizado durante o 4º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio, que reuniu quase duas mil participantes, em São Paulo (SP). A premiação reconhece a excelência da gestão feminina nas propriedades rurais. As vencedoras se destacaram por ações inovadoras, como uso sustentável de recursos naturais, desenvolvimento social da comunidade e de seus colaboradores, boas práticas agropecuárias, utilização de tecnologias no campo, bem-estar animal, entre outros quesitos.

Na categoria Grande Propriedade, a produtora de leite Beatriz Vilela Pacheco, da Fazenda Barreiro, esta última localizada em Ilicínea (MG), ficou em 2º lugar. Ela foi a única selecionada do Estado de Minas e na produção de leite e – em entrevista exclusiva ao MilkPoint – ela comentou que ficou muito surpresa com o resultado.

Figura 1

Figura 2
Beatriz Vilela Pacheco, da Fazenda Barreiro

“Fiz a inscrição sem pretensão de ser uma das classificadas e ainda ficar em 2º lugar foi uma honra muito grande. Tivemos a oportunidade de fazer uma viagem de férias com uns amigos para o exterior a fim de aproveitarmos a semana do saco cheio em que meus filhos não teriam aula e acabei não podendo participar da entrega da premiação, mas o Concurso Mulheres do Agro é uma oportunidade de mostrar e valorizar nosso trabalho em um meio tão masculino que é o do agronegócio - em especial - a pecuária de leite. Apesar de ter crescido muito a participação das mulheres nos últimos anos, ainda somos pouco reconhecidas”.

Ela acha importante mostrar que as mulheres atuam diretamente no setor, seja na parte financeira, seja no dia a dia da fazenda e que elas estão ligadas à tecnologia e ações inovadoras em busca não só do ganho econômico, mas do desenvolvimento social dos colaboradores, das boas práticas agropecuárias, do bem-estar animal e no uso sustentável dos recursos naturais.

“O concurso também é importante para encorajar outras mulheres a divulgarem seus trabalhos e assim mostrar que também fazemos parte desse setor tão importante e que gera tanta riqueza para o nosso país e para a nossa região”.

História da Fazenda Barreiro

Beatriz pertence à terceira geração de agricultores e produtores de leite da Fazenda Barreiro. Foi criada na fazenda e aos 16 anos saiu para estudar em Belo Horizonte, onde se formou em jornalismo, sem pretensões de trabalhar na fazenda, apesar do incentivo do seu pai.

Figura 3
Fazenda Barreiro

“Por uma fatalidade do destino, perdi meu pai em 2003, aos 60 anos, vítima de um câncer no intestino e acabei assumindo a istração da fazenda com o apoio do meu marido e junto com meu irmão que tinha se formado em agronomia. Ele com 25 anos e eu com 30. Na época a fazenda estava cheia de problemas, dívidas e com uma produtividade baixa”, contou ela.

Seu pai estava utilizando na época touros da raça Gir e as vacas eram primordialmente mestiças, com uma produtividade baixa por animal. O volume de leite era 1.200 litros com 100 vacas em lactação. A partir daí, eles fizeram vários levantamentos, buscaram consultoria especializada, investiram em um financiamento no banco e decidiram investir no leite e aumentar a produção do rebanho.

Figura 4

“amos a usar somente touros da raça Holandesa para apurar o gado e adotamos o sistema de pastejo rotacionado. Depois, já com o gado melhorado e com uma melhor produtividade, investimos no sistema de piquetes com uma meta de atingir em 2008, 6.000 litros de leite por dia com 280 vacas em lactação. Conseguimos alcançá-la até antes desse prazo, mas dentro de pouco tempo fomos acumulando problemas relacionados ao conforto animal e à estrutura física existente, e os índices começaram a cair. Notamos que teríamos que adotar outro sistema para termos sustentabilidade, continuar crescendo e por isso, começamos a pesquisar o sistema de compost barn”.

Figura 5

Em 2012 começaram a fazer o projeto para o compost e buscaram a ajuda de financiamento, pois precisaram mudar toda a estrutura de lugar, inclusive a ordenha, que estava obsoleta. Por quase dois anos, pesquisaram sobre o sistema, visitaram outros projetos e aguardaram a liberação do dinheiro pelo banco, fato que ocorreu no início de 2016, quando inauguraram a nova ordenha, vale destacar que o primeiro barracão foi concluído em agosto de 2016. Hoje a produção é de 11 mil litros/dia com cerca de 350 animais em lactação e a equipe registrou melhoria em praticamente todos os índices de controle de qualidade, sanitário, zootécnico, reprodutivo, dentre outros. Além disso, foram obtidos benefícios em relação à qualidade de vida, trabalho dos funcionários e aproveitamento dos dejetos.  

Figura 6

“Mesmo fazendo uso de várias tecnologias que podem gerar ganhos, ainda temos muitas variáveis que estão fora do nosso controle e que afetam diretamente no nosso bolso, como as condições climáticas, os planos do governo, entre outros. Agora que tivemos melhorias em vários índices, estamos trabalhando para aprimorar a gestão da equipe afinando cada vez mais os processos a fim de evitarmos erros e desperdícios e atuar nas prevenções. Estamos investindo no aprimoramento genético e na seleção dos animais para obtermos ganhos na produtividade e na saúde das vacas, também, avaliando geneticamente os animais jovens que têm maior potencial para serem futuras doadoras. No nosso projeto, ainda teremos a construção de mais um galpão para alojar outras 150 vacas e chegar próximo de 16 mil litros/dia, mas minha área de produção de grãos é limitada e no momento não nos permite crescer mais do que isso, por isso nosso foco principal é o aprimoramento do sistema já existente”, finalizou.

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