Quando falamos em eficiência na indústria de laticínios, normalmente os olhos se voltam para o preço do leite. Mas há outros fatores tão importante quanto — e, muitas vezes, negligenciados: os outros custos de captação e a qualidade e a composição do leite captado.
Durante o benchmarking inédito realizado no 17º Fórum MilkPoint Mercado, também levantamos dados de qualidade e composição do leite de diversas empresas ao redor do Brasil. Os números trouxeram alertas importantes para a indústria, e para os produtores.
Começando pelos parâmetros de qualidade: em diversos estados, observamos médias de CBT (Contagem Bacteriana Total) e CCS (Contagem de Células Somáticas) acima dos limites permitidos pela legislação. Esses indicadores são críticos por duas razões:
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Impactam diretamente a eficiência industrial – leite com alta CBT ou CCS pode reduzir o rendimento e aumentar perdas em derivados;
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Reduzem a produção e bonificação do produtor – resultando em menor produção diária e menos dinheiro no bolso.
Ou seja, é um problema compartilhado entre indústria e produtor.
Outro ponto importante é a composição do leite. Os valores médios levantados foram:
Embora dentro dos padrões, esses números poderiam e deveriam ser melhores para que o leite brasileiro seja mais competitivo internacionalmente. Além de que, a composição do leite impacta diretamente o rendimento de derivados como queijos, iogurtes e manteiga. Ou seja: mais Proteína e Gordura = maior produção de derivados por litro de leite captado.
E é aí que entram indicadores estratégico: o custo da Gordura e da Proteína. Como o primeiro já tem um valor de mercado (Preço da Matéria Gorda), medimos no benchmarking somente o custo da Proteína¹:
Gráfico 1. Custo da Proteína (R$/Kg)
Fonte: MilkPoint Ventures, a partir do benchmarking realizado no Fórum MilkPoint Mercado
¹ O custo da proteína é calculado subtraindo do custo total do leite o valor correspondente à gordura, considerando seu teor e valor de mercado. O restante é dividido pela quantidade de proteína presente no volume captado.
O benchmarking mostrou uma variação significativa entre as empresas, com valores indo de R$ 30/kg até R$ 60/kg de proteína, e média em torno de R$ 42/kg.
Empresas com custo da proteína acima da média estão pagando mais caro na matéria-prima, gerando maior vulnerabilidade às variações do preço do leite. Por isto, têm de se atentar melhor a gestão da compra de leite.
Já empresas com custo da proteína abaixo da média conseguem diluir melhor seus custos, gerando maior eficiência na conversão da matéria-prima e, portanto, vantagens competitivas.
Esse indicador é poderoso porque une preço e qualidade em uma métrica única — permitindo identificar se o leite está valendo o que custa.
O mais importante? Melhorar a composição e qualidade do leite não depende apenas do produtor. A indústria tem um papel ativo na orientação, assistência técnica, bonificação e acompanhamento dos fornecedores. Eficiência começa com o que entra pela porta da fábrica!
Em tempos de margens apertadas, a indústria precisa olhar com atenção para os detalhes. Qualidade e composição do leite não são apenas atributos do produto — são peças centrais na equação de rentabilidade.
Monitorar indicadores como esses permite decisões mais inteligentes na compra de leite, além de oferecer caminhos para trabalhar junto ao produtor em melhorias duradouras.
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