A imagem de vacas em um pasto verde correndo felizes é diferente da real imagem de nossas explorações leiteiras. Cada vez mais a informação sobre as práticas porteira a dentro são conhecidas pelo grande público e com certeza a cobrança será cada vez maior em relação ao bem estar animal.
É de conhecimento geral que fatores como sombra, tipo da superfície, o a alimento e água e estresse térmico estão intimamente correlacionados à produção, reprodução, imunidade e longevidade de nossas vacas. Mas esse é apenas um lado dessa história.
Nosso negócio como qualquer outro sofre a concorrência por mão de obra. Sempre me deparo com gerentes e proprietários reclamando sobre a qualidade da mão de obra e a crescente dificuldade em obtê-la, por mais baixa que seja sua qualificação. Minhas perguntas são: Quem quer acordar as 4:00 da manhã para andar num corredor cheio de lama e ordenhar vacas que estarão sujas dessa lama? Quem quer fazer a mesma tarefa inúmera vezes sabendo que a chance de sucesso é baixa? Quem quer ser cobrado por realizar processos críticos sem ferramentas adequadas? Nosso setor sofre de escassez de mão de obra, ou nossa atividade não oferece o que o colaborador deseja? Todas essas questões são relevantes e devem fazer parte do planejamento do negócio leite.
O Compost Bedded Pack é uma alternativa ao confinamento de vacas que pode oferecer uma solução não só ao conforto animal, mas também ao conforto de nossos colaboradores e facilitar a implementação de rotinas dentro da fazenda.
Histórico
O sistema de Compost Bedded Pack foi criado por produtores em meados dos anos 80 nos EUA, mas só a partir de 2001 começa a ser difundido em ampla escala. O sistema trata de uma variante do Bedded Pack, ou cama sobreposta, onde toda vez que a cama estava muito suja de esterco se acrescentava um pouco mais afim de servir como uma barreira física entre a vaca e o esterco. A diferença entre os dois sistemas é, como o próprio nome diz, a compostagem: no Compost Bedded Pack o esterco é misturado à cama e revolvido duas ou três vezes ao dia incorporando ar e permitindo a saída da umidade em forma de vapor, formando o composto.
Nesses dois anos implantando o sistema no Brasil respondemos muitas perguntas, abaixo as mais frequentes:
Qual os materiais que podem ser usados na cama e quais as características necessárias?
O material usado na cama deve ter uma grande quantidade de carbono disponível, apresentar uma boa capacidade de absorver água, ser resiliente à compactação e com oferta abundante. Os materiais mais abundantes no Brasil e já testados são: serragem, casca de amendoim, casca de café, palha de soja ou feno (finamente picado) e casca de arroz. Outros materiais encontrados regionalmente podem ser usados, mas deve-se sempre testá-los antes.
Quanto devo esperar de aumento na produção das minhas vacas?
Estudos demonstraram que 89% das propriedades que mudaram seus rebanhos para esse sistema tiveram um incremento na produção de leite de 395 a 1333 l/vaca por ano. Apesar de não termos nenhum estudo no Brasil nossa experiência demonstrou que os ganhos são maiores nas fazendas brasileiras se comparadas com as americanas, isso se deve ao fato de na maioria das fazendas americanas a transição ter sido de um sistema de Free Stall ou Tie Stall para o Compost Bedded Pack.
Tenho uma grande quantidade de vacas mancas, o Compost diminuirá esses problemas?
Sim, o Compost proporciona uma superfície macia, as vacas ficam deitadas por mais tempo garantindo que a presença de vacas mancas seja baixa. Em fazendas com free stall o alojamento das vacas mancas em um Compost é uma boa opção para diminuir o descarte de vacas.
Qual o impacto do compost sobre a saúde da glândula mamária?
As pesquisas demonstraram que a CCS do rebanho diminuiu em 67% das fazendas que fizeram a transição para o compost, sendo que em 43% delas a redução foi significativa.
Existe uma grande correlação entre a qualidade da cama e a ccs do rebanho, camas bem manejadas, bem compostadas e secas levam a rebanhos com ccs baixa.
A compostagem diminui a quantidade de bactérias na cama?
A compostagem não atinge temperatura suficiente para reduzir significativamente o crescimento bacteriano, mas a compostagem é o principal agente de secagem da cama.
Posso agregar algum material como cal na cama para diminuir a quantidade de bactérias?
Não, devemos preservar as bactérias pois o calor produzido pela fermentação aeróbica é o principal fator de diminuição de umidade na cama.
Se quiser saber mais, aproveite a oportunidade de participar da nova edição do Curso Online “Compost Barn (Bedded Pack) no confinamento de vacas leiteiras” com inscrições abertas até dia 31/03. O instrutor Adriano Seddon ensinará como implantar e como manejar a cama de compostagem, além de tirar dúvidas através do fórum e conferência online.
Adriano Seddon é médico veterinário formado em 2005 pela FMVZ Unesp Botucatu. Em 2007 fundou a Alcance Rural Ltda., focando consultoria em gestão e assistência veterinária a explorações leiteiras. Em 2011 introduziu o Sistema Compost Bedded Pack em diversas propriedades brasileiras.
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