Na tarde de quinta-feira (15/06), o Ministério da Agricultura confirmou o primeiro foco de gripe aviária de alta patogenicidade em uma granja comercial na cidade de Montenegro (RS). A propriedade, que abrigava cerca de 17 mil aves distribuídas em dois galpões, teve praticamente toda sua população dizimada pela doença. As aves sobreviventes foram eliminadas, conforme determinam os protocolos de contenção, e a área foi imediatamente isolada.
A gripe aviária é uma doença viral altamente contagiosa entre aves, com potencial de se espalhar rapidamente por meio da saliva, secreções das mucosas e fezes. A infecção provoca alta mortalidade nos plantéis e exige medidas drásticas de controle, como a eliminação imediata dos animais e a interdição das instalações por períodos prolongados, conforme estabelecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).
O impacto econômico da doença é expressivo. Desde 2022, os Estados Unidos registraram perdas de milhões de dólares, com sérios prejuízos à produção de carne e ovos. No Brasil, onde a avicultura é um setor estratégico — com mais de 5 milhões de toneladas exportadas em 2024 — surtos detectados entre aves silvestres em pelo menos sete estados acenderam o sinal de alerta. Apesar disso, entidades como a ABPA e grandes empresas do setor reforçam que os protocolos sanitários brasileiros são rigorosos e que a situação está sendo controlada com eficiência.
E como fica a situação das vacas?
A confirmação de surtos de influenza aviária de alta patogenicidade em rebanhos leiteiros nos Estados Unidos acendeu um alerta sobre a capacidade de adaptação do vírus.
Tradicionalmente associado às aves, o H5N1 também pode afetar as vacas leiteiras, o que reforça a preocupação com sua evolução. Segundo a professora Bia Fonseca, da Universidade Federal de Uberlândia, “o vírus da influenza aviária tem capacidade de ultraar a barreira hospedeiro, isso permite que exista a infecção entre aves e mamíferos”. Ela ressalta que, até o momento, não há registros de transmissão entre mamíferos, mas destaca o risco futuro: “devido à alta capacidade de adaptação desse vírus, caso não seja realizado o controle sanitário adequado, há um risco de potencial de agravamento”.
Nos casos americanos, acredita-se que a transmissão ao gado tenha ocorrido por meio de aves silvestres infectadas, o que evidencia a importância de proteger rebanhos e granjas evitando que os animais comerciais aumentem a circulação do vírus. “Hoje as normas brasileiras exigem a despopulação nas proximidades de qualquer foco”, reforça a professora, destacando a rigidez das medidas preventivas adotadas no país
Existem riscos para os consumidores?
Vale lembrar: a gripe aviária não representa risco para os consumidores de leite, ovos ou carne de frango no Brasil, desde que esses alimentos sejam oriundos de estabelecimentos com inspeção sanitária oficial.
O vírus não é transmitido pelo consumo de produtos de origem animal que aram pelos controles exigidos pelos serviços de inspeção federal, estadual ou municipal. Isso significa que os alimentos encontrados no comércio formal, como leite pasteurizado, ovos embalados e cortes de frango, são seguros para o consumo, como reitera o Ministério da Agricultura.