Com o consumo interno em alta, exportações ativas e uma relação insumo-produto favorável, o setor leiteiro argentino se reaquece e é possível esperar um bom ano.
“Em 2023, com um litro de leite comprávamos um quilo de milho, enquanto agora, com um litro de leite, compramos dois quilos de milho — uma relação mais do que favorável para a nossa atividade”, destacou o consultor Marcos Snyder.
Ele também pontuou que “o preço do leite está começando a ajustar para cima, porque o consumo interno está se recuperando lentamente e, além disso, as exportações também estão reagindo, já que a China, um dos nossos principais compradores externos, deixou para trás a tendência depressiva dos preços e, inclusive, aumentou os embarques em 12% em relação ao ano ado.”
Outro ponto relevante destacado por Snyder em sua análise é que “hoje já não há acordos de preços, não há preços controlados: não existe mais aquela ligação telefônica de um funcionário pressionando as listas dos comércios, o que acabava prejudicando seriamente a produção primária.” Diante disso, ele prevê um futuro promissor para a cadeia leiteira.
Produção em alta
O ano de 2025, sem dúvida, traz consigo uma projeção otimista para a produção leiteira argentina. De fato, segundo o relatório do Observatório da Cadeia Láctea Argentina (OCLA), espera-se um aumento na produção de 5,7%, o que representa 605 milhões de litros adicionais ao longo deste ano.
Caso essa previsão se confirme, a produção total alcançaria 11,2 bilhões de litros — um incremento expressivo.
Quais fatores estão impulsionando essa evolução?
Para Daniel Villulla, produtor e dirigente da Câmara de Produtores de Leite do Centro-Oeste de Buenos Aires (Caprolecoba), “as condições climáticas melhoraram, com chuvas que favoreceram a produtividade das fazendas leiteiras”, além de concordar com Snyder ao afirmar que “também contribuíram a sustentação da demanda interna e a recuperação das exportações”.
Alem disso nos últimos meses, os preços relativos do leite argentino têm se mantido favoráveis, impulsionados também pela estabilidade nos preços do milho e da soja — principais ingredientes da alimentação animal —, o que tem garantido uma excelente rentabilidade para os produtores.
Atualmente, a indústria está pagando, em média, 445 pesos (aproximadamente US$ 0,51) mais IVA por litro, valor que varia de acordo com a qualidade do leite. “Sem dúvida, o preço que o produtor está recebendo proporciona boas margens — ainda mais para fazendas como a nossa, cujo rebanho é da raça Jersey, que produz leite com alto teor de sólidos, o que garante um adicional no pagamento”, explica Milano, que istra com sua família um uma fazenda modelo em Pergamino.
“Estamos alcançando 25 a 26 litros de leite por vaca por dia, com alto teor de gordura e proteína, o que nos permite receber até 500 pesos (cerca de US$ 0,57) por litro mais IVA — ou até mais.”
Mantendo-se esses parâmetros, o que é bastante provável, Milano também concorda em prever que “2025 será um bom ano para o setor leiteiro — ainda mais considerando as melhores condições climáticas observadas desde as chuvas de fevereiro, que nos garantem um excelente inverno para a produção de alfafa e outras pastagens.”
As informações são do La Opinion Online, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint