O saldo da balança comercial de lácteos seguiu recuando ao longo do mês de fevereiro. Com um total de -203,9 milhões de litros em equivalente-leite, fevereiro apresentou um recuo de 6,3 milhões de litros em relação ao mês anterior, com o avanço nas importações de lácteos ainda influenciando neste resultado.
Gráfico 1. Saldo mensal da balança comercial brasileira de lácteos – equivalente leite.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
Em fevereiro, as exportações de lácteos somaram 6,03 milhões de litros em equivalente-leite, apresentando um importante aumento de 27,5% em relação a janeiro, mas, com uma queda ainda expressiva quando comparada a fevereiro de 2024, de -63,5%, como pode ser observado no gráfico abaixo.
Gráfico 2. Exportações em equivalente-leite.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
As importações totalizaram 209,9 milhões de litros em equivalente-leite em fevereiro, mantendo a tendência de aumento observada até o momento em 2025, com uma variação mensal de 3,7%. No comparativo com fevereiro de 2024, o crescimento foi ainda maior, em 16,5%, como mostra o gráfico 3.
Gráfico 3. Importações em equivalente-leite.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
Entre os principais produtos exportados, o soro de leite, que havia apresentado um aumento significativo no mês anterior, apresentou em fevereiro um recuo de 43% em suas exportações. O creme de leite também apresentou um recuo no último mês, de 33%. Enquanto, em contrapartida, outros produtos relevantes como o leite UHT (+33%) apresentaram avanços em suas exportações.
O maior destaque nas exportações ficou para o leite em pó integral, que teve um crescimento expressivo em relação a janeiro e atingiu um volume total de 200,6 toneladas exportadas, sendo o maior volume exportado da categoria dos últimos sete meses.
Para as categorias com maior participação nas importações, as movimentações observadas foram mais sutis. O leite em pó integral continuou obtendo destaque, com um crescimento mensal de 3%, totalizando 14,4 mil toneladas importadas. Já os queijos tiveram uma sutil retração de 1%, praticamente mantendo o volume importado em 4,8 mil toneladas no último mês.
Além do leite em pó integral, o leite em pó desnatado também apresentou aumento em suas importações em fevereiro, com um avanço de 11% em relação a janeiro deste ano.
As tabelas 1 e 2 mostram as principais movimentações do comércio internacional de lácteos nos meses de fevereiro e janeiro de 2025.
Tabela 1. Balança comercial de lácteos em fevereiro de 2025.
Tabela 2. Balança comercial de lácteos em janeiro de 2025.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados COMEXSTAT.
O que podemos esperar para os próximos meses?
Ao longo do mês de fevereiro algumas importantes movimentações no Mercosul foram observadas para o mercado dos derivados lácteos. O primeiro ponto foi o aumento das compras de outros importantes países compradores, como a Argélia, que em seu último leilão de compra de lácteos focou suas importações principalmente em produtos do Mercosul ao invés de outros fornecedores, como a Oceania, colocando assim outros grandes compradores em concorrência com o Brasil pelos derivados lácteos da América do Sul.
Além desse fator, outro importante ponto começou a reverberar de maneira mais relevante: a disponibilidade de leite dos principais países fornecedores do Mercosul. O período atual é marcado justamente pelo momento onde a produção de leite de países como Argentina e Uruguai estão diminuindo de maneira sazonal, diminuindo assim a disponibilidade de leite para as exportações dos países em questão - sendo eles, justamente, os principais fornecedores de leite ao Brasil.
Dessa forma, levando em consideração esses pontos e o aumento dos preços internacionais diminuindo a competitividade dos derivados lácteos importados em relação aos produtos locais (principalmente para os leites em pó), se torna mais provável que as importações brasileiras apresentem uma tendência de diminuição nos próximos meses. Porém, o patamar deve se manter ainda considerado elevado, devido a proximidade comercial entre os compradores brasileiros e os vendedores do Mercosul que foi criada ao longo dos últimos anos.