No 381º leilão da plataforma Global Dairy Trade (GDT), realizado nesta terça-feira, 3 de junho, observou-se queda nos preços de cinco dos oito produtos lácteos comercializados. O preço médio dos produtos negociados ficou em US$4.332 por tonelada, refletindo uma queda de 1,6% no GDT Price Index — indicador que mede a variação média dos preços com base na representatividade e volume de cada item ofertado no evento.
Gráfico 1. Preço médio leilão GDT
O preço do leite em pó integral (WMP) apresentou recuo de 3,6% no leilão GDT, encerrando a sessão com média de US$4.173 por tonelada. Após alcançar picos significativos no início de maio, o valor do produto dá sinais de correção de baixa, aproximando-se gradualmente dos níveis registrados no mês de abril - ainda assim se mantendo em níveis elevados se comparado ao histórico recente.
Gráfico 2. Preço médio LPI
O queijo cheddar também teve nova correção negativa. Após sucessivas oscilações nos últimos eventos, seu preço retornou aos níveis observados no início do ano, sendo negociado a US$ 4.759 por tonelada.
A manteiga manteve estabilidade, sem variação em relação ao leilão anterior.
As únicas valorizações foram observadas na gordura anidra de leite (AMF), com alta de 1,4%, e na muçarela, que apresentou, pelo segundo evento consecutivo, avanço de 2,3%, alcançando US$ 4.897 por tonelada.
A Tabela 1 apresenta os preços médios dos derivados ao fim do evento, assim como suas respectivas variações em relação ao leilão anterior.
Tabela 1. Preço e variação do índice dos produtos negociados no leilão GDT em 03/06/2025.
Produto |
Preço (tonelada) |
Variação |
Leite em pó integral |
US$ 4.173 |
- 3,7% |
Leite em pó desnatado |
US$ 2.807 |
- 1,1% |
Cheddar |
US$ 4.759 |
-4,2% |
Manteiga |
US$ 7.811 |
0,0% |
Mozzarela |
US$ 4.897 |
+2,3% |
Lactose |
US$ 1.371 |
-2,0% |
Índice GDT |
US$ 4.332 |
-1,6% |
Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2025.
Volume negociado volta a crescer
O volume negociado no leilão apresenta recuperação, mesmo que ainda tímida. No total, foram comercializadas 16.307 toneladas, o que representa um aumento de 7,3% em relação ao evento anterior, que havia apresentado queda de pouco mais de 9%. Após meses de queda, esse foi o primeiro aumento de volume após 15 eventos.
Gráfico 3. Volumes negociados nos eventos do leilão GDT.
Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2025.
Impacto nos contratos futuros
Os contratos futuros de leite em pó integral na Bolsa da Nova Zelândia (NZX Futures) apresentaram valores superiores aos observados em maio, com elevação nas cotações para os vencimentos de curto prazo. No entanto, permanece a tendência de queda ao longo do restante do ano.
O mercado projeta um aumento na oferta global nos próximos meses. Embora algumas regiões, como a União Europeia, ainda enfrentem dificuldades para expandir a produção, o cenário aponta para um crescimento da oferta por parte dos principais exportadores. Esse movimento reflete tanto fatores sazonais, como o avanço da produção na Oceania e América do Sul, quanto uma expectativa de volumes superiores aos registrados em 2024 nas principais regiões exportadoras.
Gráfico 4. Contratos futuros de leite em pó integral (NZX Futures).
Fonte: NZX Futures, elaborado pelo MilkPoint Mercado, 2025.
E como os resultados do leilão GDT afetam o mercado brasileiro?
Como é de conhecimento do setor, o Brasil importa lácteos majoritariamente da Argentina e do Uruguai, países cujas cotações costumam acompanhar os movimentos observados nos leilões da plataforma GDT.
Diante das correções de baixa registradas no mercado internacional, aliadas à expectativa de aumento da produção na Argentina e no Uruguai nos próximos meses, é provável que os preços de exportação desses países também sofram recuos.
No entanto, o mercado brasileiro também a por um momento de pressão baixista nos preços internos. Além disso, a taxa de câmbio real/dólar permanece em patamar elevado, o que reduz a atratividade das importações, mesmo com uma eventual queda nos preços internacionais. Esse cenário limita a competitividade do produto importado frente ao nacional, dificultando aumentos expressivos no volume de lácteos adquiridos pelo Brasil no curto prazo.