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Espera-se que a área cultivada de cana de açúcar em 2023 atinja aproximadamente 8.410,3 mil hectares (ha) com produção de 637.092,6 mil toneladas (CONAB, 2023) , sendo que destas, em torno de 10% destina-se a alimentação animal perfazendo um total de 841 mil hectares e 63.709,2 mil toneladas.
Em sistemas de produção de bovinos, principalmente os mais intensivos, a alimentação é determinante na eficiência produtiva, podendo representar 75% do custo total em confinamento (ROCHA et al., 2022). Visando à obtenção de melhores desempenhos econômicos na pecuária leiteira, atualmente tem-se enfatizado a utilização de volumosos alternativos e subprodutos na alimentação de bovinos (COSTA el al., 2005).
Fica evidente a importância do planejamento alimentar dos animais buscando aumentar a produção e reduzir os custos. A silagem de cana-de-açúcar surge como uma das alternativas para este fim, e a dúvida é se ela é eficaz para melhorar o desempenho do animal e a qualidade do leite.
Segundo Dias (2006) a via alimentar é, normalmente, a via de escolha para alterar a composição do leite. Porém a escolha da alimentação dependerá de fatores como a disponibilidade do volumoso, do preço e do planejamento de sua utilização como cita Brêtas el al. (2021). Sendo assim, é necessário explorar alimentos que tenham baixo custo de produção e atendam grande parte das exigências nutricionais dos animais (ROCHA et al., 2022) obtendo-se por fim, receitas positivas tanto economicamente como na performance do animal.
As vantagens da utilização de cana de açúcar na alimentação animal incluem a sua disponibilidade em períodos de seca, em que há escassez de forragem nas pastagens; alta produtividade quando comparada ao milho ou sorgo; a colheita da cana-de-açúcar para ensilagem permite a liberação de área para rebrota homogênea das plantas, resultando em melhor cobertura do solo e maior índice de área foliar para o período chuvoso e, consequentemente, menor gasto com controle de plantas daninhas (MOREIRA et al., 2014; CABRAL et al., 2020).
Outro ponto importante é que a utilização de silagem de cana-de-açúcar ao ser comparada com silagem ou concentrado de milho, não apresenta diferenças significativas na composição do leite como apresentado por Costa el al. (2005), evidenciando que pode ser utilizada na dieta do rebanho leiteiro.
Cita-se como desvantagens: o reduzido valor nutritivo, quando se comparada ao milho ou sorgo, sendo necessária complementação da dieta com fontes energéticas e proteicas no caso de confinamento; a realização dos cortes, o transporte e a trituração, podem encarecer seu custo devido ao uso de mão de obra.
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Também a preservação da cana-de-açúcar pela ensilagem proporciona a homogeneização do material ensilado, mas tem sido demonstrado que a ensilagem da cana-de-açúcar sozinha causa redução acentuada em seu valor nutricional devido à rápida fermentação dos açúcares solúveis em álcool etílico pelas leveduras, processo que pode ser melhorado com uso de aditivos químicos e inoculantes microbianos que melhoraram a fermentação e conservação das silagens, mas encarecem o produto final (MOREIRA et al., 2014; CABRAL et al., 2020).
Outro ponto a se destacar é que a produtividade de leite dos animais também não apresentou grande crescimento, segundo Rocha el al. (2022), que destacam que a produtividade aumenta quando se utilizara ureia para aumentar o valor de proteína bruta da dieta.
Como demostrado, apesar da silagem de cana-de-açúcar não resultar em incrementos na produtividade e qualidade do leite ela possui a vantagem de poder reduzir o custo da dieta fornecida aos animais, como cita Brêtas el al. (2021). Magalhães el al. (2004) ainda destaca que a inclusão de 33,3% de cana-de-açúcar no volumoso é economicamente viável e que valores acima desta porcentagem já se tornam inviáveis.
Conclui-se, portanto, que a utilização de silagem de cana-de-açúcar apesar de não aumentar a produtividade nem alterar a qualidade do leite é uma alternativa interessante como acréscimo na dieta dos animais com foco na redução dos custos da alimentação pelo produtor.
Autores
Marcela Leonor de Carvalho Nogueira - Discente. LiBovis-UFRRJ
Lívia Amaral - Discente. LiBovis-UFRRJ
Ana Paula Lopes Marques - Orientadora. LiBovis-UFRRJ
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Referências
BRÊTAS, A de A. et al. Avaliação da qualidade do leite de vacas lactantes alimentadas com composto de cana-de-açúcar hidrolisada. Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.2, p. 20071-20076, 2021.
CABRAL, A. M. D. et al. Use of sugar cane to feed lactating dairy goats. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 72, p. 2297-2307, 2020.
CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da safra brasileira de cana-de-açúcar – Safra 2023/24, v.11, n. 1, 2023. p. 1-55.
COSTA, M. G. et al. Desempenho produtivo de vacas leiteiras alimentadas com diferentes proporções de cana-de-açúcar e concentrados ou silagem de milho na dieta. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 34, n. 6, p. 2437-2445, 2005.
DIAS, S. D. da F. Efeito de diferentes regimes alimentares sobre a qualidade do leite produzido. 2006. Dissertação (Mestrado em Produção Animal). Universidade dos Açores, Portugal.
MAGALHÃES, A. L. R. et al. Cana-de-Açúcar em Substituição à Silagem de Milho em Dietas para Vacas em Lactação: Desempenho e Viabilidade Econômica. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 33, n. 5, p. 1292-1302, 2004.
MOREIRA, Jeruzia Vitória et al. Sugar cane fresh or ensiled with or without bacterial additive in diets for dairy cows. Acta Scientiarum. Animal Sciences, v. 36, p. 385-391, 2014.
ROCHA, E. G. da. et al. Revisão bibliográfica sobre uso da silagem de cana de açúcar na alimentação de bovinos leite. Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas. Vol. 3. 2022. cap. 14, p. 211-217.
