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Geografia brasileira do consumo domiciliar de leite

De certa forma, a geografia do consumo de lácteos no Brasil se assemelha com a geografia da distribuição de renda no país. Saiba detalhes do assunto, e!

Publicado por: vários autores

Publicado em: - 3 minutos de leitura

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O consumo domiciliar de alimentos no Brasil é medido pela Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A última POF brasileira ocorreu em 2017-2018 e os dados permitem observar como a dinâmica de consumo de lácteos se alterou entre as regiões do país.

Primeiramente, é possível perceber que o consumo domiciliar de lácteos no Brasil caiu 36% entre 2003-2004 e 2017-2018. Esta queda se deu principalmente para leite fluido (26%), o lácteo mais consumido do país. Contudo, alguns derivados vêm ganhando espaço na mesa dos brasileiros, como o creme de leite, leite em póleite fermentado e os queijos.

Dentre as regiões brasileiras existe grande diferença de consumo domiciliar de lácteos, como mostra a Figura 1. As regiões Sul e Sudeste lideram o ranking de consumo registrado na última POF. Já as regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste foram as que apresentaram as maiores quedas de consumo em relação ao levantamento realizado em 2008-2009. Essas quedas foram respectivamente de 50%, 45% e 31%.

Figura 1. Distribuição do consumo domiciliar de lácteos per capita no Brasil (2017-2018).

consumo de leite no brasil
Fonte: IBGE, 2020. Elaborado pelos autores.

 

Os dados da Figura 1 revelam uma maior concentração do consumo de derivados do leite no Sul e no Sudeste do país, com destaque para Santa Catarina e Rio Grande do Sul como os dois estados que mais consomem estes produtos. Outra informação importante é o descomo entre a Região Norte e o restante do país, a qual apresenta as menores taxas de consumo domiciliar de lácteos.

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A liderança do Sul e Sudeste no consumo de leite e derivados pode ser explicada por vantagens competitivas, como a proximidade dos locais de produção, maior poder aquisitivo e taxa de urbanização, entre outras. O eixo Sul-Sudeste concentra 67% da produção nacional de leite, representa 72% do PIB brasileiro e tem 88,9% de taxa de urbanização.

De certa forma, a geografia do consumo de lácteos no Brasil se assemelha com a da distribuição de renda no país. No entanto, as características culturais e regionais também parecem influenciar no consumo, visto que Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Minas Gerais apresentam níveis de consumo de lácteos superiores aos do estado de São Paulo, que concentra a maior renda do Brasil.

Os dados do IBGE evidenciam também diferenças regionais de consumo por derivado lácteo. Na Tabela 1 é possível identificar os 5 estados que apresentam maior consumo per capita por derivado do leite.

Tabela 1. Ranking de consumo domiciliar per capita de lácteos no Brasil.

consumo de leite, lacteos no brasil
Fonte: IBGE. Elaborado pelos autores.

*As cores na tabela representam as regiões: em rosa tem-se o Norte; em azul, o Nordeste; em amarelo o Centro-Oeste e em laranja o eixo Sul-Sudeste.

 

Novamente, os dados da Tabela 1 evidenciam a importância dos estados do Sul, e principalmente de Santa Catarina no consumo domiciliar per capita de lácteos. O estado aparece em sete dos nove produtos analisados, estando na primeira colocação em quatro deles e na segunda posição em três produtos.

Os estados do Sul e Sudeste representam 66% do ranking dos top 5 estados que mais consumem lácteos, ocupando a primeira colocação em sete dos nove produtos listados na Tabela 1. Por sua vez, as regiões Norte e Nordeste se destacam no consumo domiciliar per capita de manteiga e leite em pó, o que evidencia que estes são os produtos lácteos mais representativos nestas regiões.

Assim, os dados sugerem que não há um padrão único de consumo domiciliar de lácteos no Brasil. Deste modo, assim como ocorre com a produção de leite, o consumo de lácteos também é influenciado por muitas variáveis.

Existe a influência da renda, dos preços, da cultura e tradição, das características da população (sexo, idade, perfil) e das crenças etc. Portanto, para aumentar o consumo de lácteos no Brasil, cabe ao setor identificar estas variáveis e trabalhar em conjunto para ofertar os seus produtos de modo a atender às necessidades desta população tão heterogênea.

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Figura 3

*Fonte da foto do artigo: Freepik

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Material escrito por:

Kennya Siqueira

Kennya Siqueira

Pesquisadora da Embrapa Gado de Leite

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Ygor Martins Guimaraes

Ygor Martins Guimaraes

Estudante de economia da UFJF.

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THALLYS DA SILVA NOGUEIRA

THALLYS DA SILVA NOGUEIRA

Doutorando em Modelagem Computacional pelo PPMC da UFJF.

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Gustavo
GUSTAVO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 28/05/2021

Parabéns pelo conteúdo dessa matéria, excelente!
Kennya Siqueira
KENNYA SIQUEIRA

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 28/05/2021

Muito obrigada
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Geografia brasileira do consumo domiciliar de leite

De certa forma, a geografia do consumo de lácteos no Brasil se assemelha com a geografia da distribuição de renda no país. Saiba detalhes do assunto, e!

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O consumo domiciliar de alimentos no Brasil é medido pela Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A última POF brasileira ocorreu em 2017-2018 e os dados permitem observar como a dinâmica de consumo de lácteos se alterou entre as regiões do país.

Primeiramente, é possível perceber que o consumo domiciliar de lácteos no Brasil caiu 36% entre 2003-2004 e 2017-2018. Esta queda se deu principalmente para leite fluido (26%), o lácteo mais consumido do país. Contudo, alguns derivados vêm ganhando espaço na mesa dos brasileiros, como o creme de leite, leite em póleite fermentado e os queijos.

Dentre as regiões brasileiras existe grande diferença de consumo domiciliar de lácteos, como mostra a Figura 1. As regiões Sul e Sudeste lideram o ranking de consumo registrado na última POF. Já as regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste foram as que apresentaram as maiores quedas de consumo em relação ao levantamento realizado em 2008-2009. Essas quedas foram respectivamente de 50%, 45% e 31%.

Figura 1. Distribuição do consumo domiciliar de lácteos per capita no Brasil (2017-2018).

consumo de leite no brasil
Fonte: IBGE, 2020. Elaborado pelos autores.

 

Os dados da Figura 1 revelam uma maior concentração do consumo de derivados do leite no Sul e no Sudeste do país, com destaque para Santa Catarina e Rio Grande do Sul como os dois estados que mais consomem estes produtos. Outra informação importante é o descomo entre a Região Norte e o restante do país, a qual apresenta as menores taxas de consumo domiciliar de lácteos.

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A liderança do Sul e Sudeste no consumo de leite e derivados pode ser explicada por vantagens competitivas, como a proximidade dos locais de produção, maior poder aquisitivo e taxa de urbanização, entre outras. O eixo Sul-Sudeste concentra 67% da produção nacional de leite, representa 72% do PIB brasileiro e tem 88,9% de taxa de urbanização.

De certa forma, a geografia do consumo de lácteos no Brasil se assemelha com a da distribuição de renda no país. No entanto, as características culturais e regionais também parecem influenciar no consumo, visto que Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Minas Gerais apresentam níveis de consumo de lácteos superiores aos do estado de São Paulo, que concentra a maior renda do Brasil.

Os dados do IBGE evidenciam também diferenças regionais de consumo por derivado lácteo. Na Tabela 1 é possível identificar os 5 estados que apresentam maior consumo per capita por derivado do leite.

Tabela 1. Ranking de consumo domiciliar per capita de lácteos no Brasil.

consumo de leite, lacteos no brasil
Fonte: IBGE. Elaborado pelos autores.

*As cores na tabela representam as regiões: em rosa tem-se o Norte; em azul, o Nordeste; em amarelo o Centro-Oeste e em laranja o eixo Sul-Sudeste.

 

Novamente, os dados da Tabela 1 evidenciam a importância dos estados do Sul, e principalmente de Santa Catarina no consumo domiciliar per capita de lácteos. O estado aparece em sete dos nove produtos analisados, estando na primeira colocação em quatro deles e na segunda posição em três produtos.

Os estados do Sul e Sudeste representam 66% do ranking dos top 5 estados que mais consumem lácteos, ocupando a primeira colocação em sete dos nove produtos listados na Tabela 1. Por sua vez, as regiões Norte e Nordeste se destacam no consumo domiciliar per capita de manteiga e leite em pó, o que evidencia que estes são os produtos lácteos mais representativos nestas regiões.

Assim, os dados sugerem que não há um padrão único de consumo domiciliar de lácteos no Brasil. Deste modo, assim como ocorre com a produção de leite, o consumo de lácteos também é influenciado por muitas variáveis.

Existe a influência da renda, dos preços, da cultura e tradição, das características da população (sexo, idade, perfil) e das crenças etc. Portanto, para aumentar o consumo de lácteos no Brasil, cabe ao setor identificar estas variáveis e trabalhar em conjunto para ofertar os seus produtos de modo a atender às necessidades desta população tão heterogênea.

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Figura 3

*Fonte da foto do artigo: Freepik

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Kennya Siqueira

Kennya Siqueira

Pesquisadora da Embrapa Gado de Leite

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Estudante de economia da UFJF.

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Doutorando em Modelagem Computacional pelo PPMC da UFJF.

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Gustavo
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SÃO PAULO - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 28/05/2021

Parabéns pelo conteúdo dessa matéria, excelente!
Kennya Siqueira
KENNYA SIQUEIRA

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 28/05/2021

Muito obrigada
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