Segundo o Sistema de Inteligência Setorial do SEBRAE, o negócio de terceirização da recria tem o intuito de aumentar a produção de leite de forma mais rápida, sem comprometer o tamanho das áreas das unidades de produção. Nos centros os animais recebem um acompanhamento desde a fase de bezerra até o estágio de vaca lactante, com técnicas aprimoradas de manejo, alimentação, saúde animal e melhoramento genético, com objetivo de promover o aumento da produtividade.
O MilkPoint entrevistou os irmãos Felipe Tadeu e Luis Henrique Kodel Roxo, zootecnistas especialistas em produção de ruminantes, para obter mais informações sobre esse projeto em particular.
MilkPoint: Na sua região é comum a recria terceirizada?
Agropecuária KR: "Apesar de estarmos localizado na cidade de Guaratinguetá-SP (Vale do Paraíba) uma das maiores bacias leiteiras do país, onde o tamanho das propriedades é, na maioria das vezes, de pequeno a médio porte, não existe na região nenhuma propriedade especializada em terceirização de recria, de forma que somos pioneiros nessa atividade na região. E a terceirização de recria deveria ser comum na região devido o tamanho das propriedades".
MilkPoint: De onde surgiu o projeto? Houve algum embasamento em exemplos de outros locais?
Agropecuária KR: "Em 1994 viemos morar na propriedade. Em 2008, na faculdade, vimos alguns trabalhos e apresentações sobre terceirização de recria nos EUA. Em 2012 ano em que herdamos a propriedade, uma área de 14 ha, chegamos à conclusão que para a criação de gado de corte a área era pequena e para produção de leite não havia infraestrutura. Também, a demanda de capital para o investimento seria muito alta. Desta forma, optamos pela terceirização de recria, devido ao menor investimento para a atividade, visto que necessitaríamos fazer a reforma das pastagens, cultivar uma área para produção de silagem (para época seca do ano) e um curral de manejo".
MilkPoint: Qual é o maior desafio?
Agropecuária KR: "Os maiores desafios encontrados são: falta de mão de obra; falta de mão de obra especializada em trabalhar com essa categoria animal; conscientizar os produtores de leite das vantagens de terceirizar a recria; alto custo de produção visto que estamos longe das fontes de insumos".
MilkPoint: Como funciona a recria terceirizada? Com qual idade vocês ficam com o animal e com qual vendem? A diferença de custo é muito grande?
Agropecuária KR: "A terceirização da recria funciona com base no contrato firmado entre as 2 partes (proprietário e criador), quando ambos tem direitos e deveres. Os animais chegam ao centro de recria após a colostragem e/ou após a desmama. Porém, esses animais devem seguir os parâmetros do contrato como peso, idade e estar em bom estado sanitário. Os animais retornam ao proprietário na idade e peso aptos a reprodução (I.A./ M.N.), ou no máximo até 6 meses de gestação, cabendo ao proprietário decidir o momento da retirada desses animais. Não é possível ainda ter uma noção clara da diferença de custos para o produtor, pois mais de 90% dos produtores que responderam a um questionário, não mensuram os custos das bezerras até desmama, até o primeiro cio, primeira cobertura e evidentemente, o primeiro parto".
MilkPoint: Vocês trabalham com inseminação ou monta natural?
Agropecuária KR: "Trabalhamos com inseminação artificial, porém todos os custos são de responsabilidade do proprietário, pois nem sempre toda propriedade trabalha com a mesma central de reprodução e sistema de acasalamento. Em relação a monta natural, não possuímos touro no centro de recria visto que a maioria das propriedades já utilizam, IA, IATF, TE e FIV, como sistema de reprodução".
MilkPoint: Quais benefícios vocês veem para quem adota a terceirização da recria no sistema de produção de leite?
Agropecuária KR: "Há diversos benefícios para o produtor sendo os principais deles: maior disponibilidade de área para produção de volumoso e para animais em produção, ao invés de ter bezerras e novilhas nessas áreas; Tornar-se mais eficiente na atividade, pois toda a propriedade estará focada na produção de leite; Menor demanda de mão de obra na fazenda, sendo esse um dos maiores entraves da atividade rural. E a mão de obra da propriedade ficará especializada em produção de leite; Ter as bezerras e novilhas monitoradas constantemente, pois normalmente as novilhas em puberdade ou após prenhes confirmada são “isoladas” nos pastos mais distantes da fazenda, ficando assim sem observação nenhuma; Melhorar os índices zootécnicos da propriedade. Normalmente as fazendas da região não conseguem inseminar suas novilhas aos 15 meses de idade para ter sua primeira parição aos 24 meses, impactando assim toda estrutura do rebanho (% de vacas e % de novilhas), taxa de reposição e taxa de descarte e futuramente gerar renda extra com a venda de animais excedentes; No centro de recria o proprietário terá os animais cobertos por seguro de vida, fato importante considerando que, na fase de cria e recria, se tem o maior índice de mortalidade.
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